sexta-feira, 13 de julho de 2012


II
Já na sala, a velha senta-se no sofá, embrulhada no xaile preto e roto. Como se tivesse sentido algo de estranho no andar de cima, olhou para o teto, fazendo um esgar com a boca desdentada. Algo ou alguém arranha o chão do andar de cima, como se quisesse cavar um buraco. A velha levanta-se, furiosa, e começa a subir as escadas.
No primeiro andar, ao cimo das escadas há um corredor e ao fundo do corredor há uma porta, para onde a velha se dirige, a coxear e a arrastar uma perna. Quando chega à porta, encosta o ouvido e faz uma careta. Afasta-se da porta e, quando está a meio do corredor ouve um ruído que a faz virar a cabeça, primeiro e depois o corpo todo. Volta a aproximar-se da porta e abre-a, furiosamente, entrando de rompante. Fecha a porta atrás de si e ouvem-se os passos dela a coxear e a arrastar a perna, num som cada vez mais sumido. Ouve-se algo a bater e quase imediatamente uns guinchos horrorosos. Depois faz-se silêncio e a velha regressa passados alguns minutos.
Abre a porta e sai. Fecha a porta e avança pelo corredor. Olha para baixo, como que tentando perceber se a rapariga ouviu os barulhos. Continua e desce as escadas até ao rés-do-chão, dirigindo-se ao quarto da rapariga. Encosta o ouvido à porta do quarto, durante algum tempo, parecendo não ouvir nenhum ruido e afasta-se não muito satisfeita.


(Continua)

Sem comentários: