sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O regresso

Enquanto recebia o envelope das mãozinhas trémulas da Bé, Merlin tentava raciocinar sobre a razão de Luna ter desaparecido e, de repente, mandar notícias pelo correio.

“- Não percebo!” – comentava Merlin - “A Luna falta ao nosso encontro, sobe a um arbusto e agora escreve?”

“- Vê se lês a carta e alto que é para nós ouvirmos bem!” – retorquiu a Bé.

Quando Merlin retirou o que estava dentro do envelope, viu que tinha um carimbo de Paris. Depois, verificou que era um postal que representava o castelo da Bela Adormecida.

“- Mas isto é na Disneylândia! Meninas, ela está na Disneylandia em Paris!!!”

“ - Oh! Que sorte!” – comentaram a Bé e a Tatá ao mesmo tempo.

“ - Sim, diz aqui que entrou por acidente no carro de um casal, esse casal resolveu fazer uma viagem de férias com os filhos, escolheram a Disney como destino e ela acabou por ser levada, sem eles saberem, num dos sacos da bagagem. Diz também que, apesar de ter sido um acaso, ela sempre quis visitar esse local e, por isso, não está nada arrependida!” – contou Merlin.

“- A ingrata! E nós aqui cheios de preocupação!” – respondeu de imediato a Bé.

“ - Sim, e se não a tivéssemos procurado, nem saberíamos se estava viva ou morta! O gato amarelo quase lhe ia deitando a unha!” – acrescentou a Tatá.

“ - Diz também, que em breve estará de volta pois a família que a levou, não pode lá ficar muito tempo! Só três dias!” – continuou Merlin.

“ - Bem, o que interessa é que está bem!” – disse a Tatá.

“ - E ainda teve a preocupação de mandar notícias!” – comentou a Bé.

Enquanto isso, Luna já vinha a caminho, pois o tempo que o postal demorou a chegar acabou por apanhar um fim-de-semana, fazendo com que a chegada de Luna fosse próxima da recepção do correio, na rua da Paz.

A viagem foi um tanto atribulada, pois Luna enjoou muitíssimo e não vinha muito bem acomodada entre um saco de roupa e outro de caramelos.

A certa altura, ouviu dizer que havia um acidente na estrada e que o trânsito tinha de ser desviado. Nesta altura do ano, havia muitas famílias de portugueses a trabalhar no estrangeiro, que regressavam à sua terra natal, para umas merecidas e retemperadoras férias. Só que a pressa de chegar era tão grande, que, por vezes, havia quem fizesse poucas pausas para descanso, o que provocava falta de atenção, originando alguns acidentes, alguns dos quais fatais.

“ - Bem, já podemos dormir descansados!” – desabafava Merlin, para quem o desaparecimento de Luna, constituíra um quebra-cabeças.

“ - Por estes dias ela deve estar de volta! Só espero que ela não se esqueça do local do encontro!” - continuou.

" - Onde era?” – perguntou a Tatá.

“ - Onde havia de ser? No campanário, claro!” – respondeu a Bé.

“ - Sim, no campanário, ao bater das doze badaladas!” – esclareceu Merlin.

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